O meu cordel estradeiro / Vem lhe pedir permissão / Pra se tornar verdadeiro / Pra se tornar mensageiro / Da força do teu trovão
E o meu cordel estradeiro / É cascavel poderosa / É chuva que cai maneira / Aguando a terra quente / Erguendo um véu de poeira / Deixando a tarde cheirosa / É planta que cobre o chão / Na primeira trovoada / A noite que desce fria / Depois da tarde molhada / É seca desesperada / Rasgando o bucho do chão
É inverno e é verão / É canção de lavadeira / Peixeira de Lampião / As luzes do vaga-lume / Alpendre de casarão / A cuia do velho cego / Terreiro de amarração / O ramo da rezadeira / é banzo de fim de feira / Janela de caminhão
Vocês que estão no palácio
Venham ouvir meu pobre pinho
Não tem o cheiro do vinho
Das uvas frescas do Lácio
Mas tem a cor de Inácio
Da serra da Catingueira
Um cantador de primeira
Que nunca foi numa escola
Pois meu verso é feito a foice
Do cassaco cortar cana
Sendo de cima pra baixo
Tanto corta como espana
Sendo de baixo pra cima
Voa do cabo e se dana
(Cordel Estradeiro)
Nenhum comentário:
Postar um comentário